Apresentação de missão
A missão permite o encontro de pessoas distantes, pois a pessoa do enviado desaparece por detrás daquela que a envia. Rejeitar o enviado é a mesma coisa que rejeitar aquele que o enviou. No Evangelho, é o próprio Jesus quem o afirma: “Quem vos recebe, a mim recebe, e quem me recebe, recebe ao que me enviou”(Mt 10, 41). O enviado é, pois, inseparável daquele que o envia.
Origem da missão
A missão teve sua origem na manhã do domingo de Páscoa, quando Maria Madalena e a outra Maria foram ao túmulo e o encontraram vazio. Logo após o anúncio da ressurreição, vem a missão: “Ide já contar aos discípulos que ele ressurgiu dos mortos, conforme havia dito” (Mt 28, 7). E elas foram apressadas fazer o anúncio aos discípulos que, segundo Marcos, estavam “aflitos e choravam” (Mc 16, 10).Em Pentecostes, iniciou-se a missão a todos os povos da terra. Esta missão continua até aos nossos dias. Mas, apesar de vinte séculos, a missão ainda está no início. O anúncio de Jesus Cristo e de sua Palavra ainda não chegou a todos os povos, a todas as culturas, a todos os espaços sociais.
O que é a missão?
O que é a missão?
A missão é o caminho da Palavra de pessoa para pessoa, de grupo para grupo, de povo para povo. O portador da Palavra é o missionário. Afirma o livro dos Actos, que regista a primeira história da missão, que a Palavra crescia e se multiplicava (cf. At 12, 24), ou seja, o que crescia e se multiplicava era o número daqueles que ouviam a Palavra e se tornavam missionários. Quem ainda não se tornou missionário, pensa que ouviu a Palavra, mas, na realidade, não a ouviu.O livro dos Actos narra a caminhada da Palavra que sai da Palestina e vai até Roma, levada pelo Apóstolo Paulo. Quando a Palavra chega a Roma, Lucas, de repente, encerra o livro dos Actos. Teologicamente, Lucas deixa o seu livro inacabado para mostrar que a missão não terminou. Precisa ser continuada pela Igreja. A história da missão precisa continuar sendo escrita.Lucas mostra que o caminho da Palavra enfrenta obstáculos: oposição dos chefes religiosos, magia, idolatria, distância geográfica. Mas a Palavra sai sempre vitoriosa.A Igreja, comunidade missionária, não precede ao dom do Espírito. Não existe sem o dom do Espírito. É o Espírito que a move em direcção de todas as línguas, isto é, de todos os povos e culturas. O Espírito é também o primeiro missionário. Aquele que chega antes de todos para preparar o terreno para o anúncio da Palavra. Por isso mesmo, o anúncio da Palavra não é algo acrescentado às culturas. É resposta a uma expectativa, a uma procura.A Palavra que o missionário anuncia não é simplesmente a transmissão de uma mensagem. É, na expressão de Paulo, manifestação do poder de Deus que salva. Não é transmissão mecânica. É transmissão da Palavra encarnada na sua vida, que se tornou parte dele e agora é testemunhada. Por isso, Jesus envia os seus discípulos para dar o Seu testemunho: “Sereis, então, minhas testemunhas em Jerusalém, em toda Judeia e Samaria, até os confins da terra” (At 1, 8).
A Igreja, comunidade missionária.
A Igreja é apostólica, ou seja, missionária. É composta por pessoas que se reconhecem como enviadas do Senhor. O Evangelho é-lhe anunciado não para ser guardado, mas para ser transmitido. A Igreja não vive para si. Ela é enviada para transmitir o Evangelho. O envio e a reunião, porém, são dois aspectos da mesma acção: levar a salvação ao seres humanos, reunindo-os na Igreja.Além disso, a Igreja é uma comunidade missionária ainda por outros motivos. Ela nasceu da missão do Filho e do Espírito Santo, enviados pelo Pai ao mundo. Sem este duplo envio, a Igreja não existiria. Ela é fruto da acção evangelizadora de Cristo e dos apóstolos, afirma Paulo VI na Evangelii Nuntiandi. Não é fruto acidental, continua o Papa.A Igreja é uma comunidade missionária, porque a sua configuração histórica e definitiva dá-se em Pentecostes, quando ela se torna movimento missionário. A Igreja não nasceu para depois se tornar católica (universal). Ela já nasce católica porque é missionária. Sem a missão, ela não seria católica.Finalmente, a Igreja é missionária porque é a comunidade dos discípulos de Jesus. E a finalidade do discipulado é a missão.
Jesus, o enviado por excelência.
Jesus é o enviado por excelência. Seu envio é único. É superior a todos os outros enviados. Os profetas foram apenas servos enviados por Deus. Jesus, porém, é o Filho. A Sua relação com o Pai, que o enviou, é uma relação exclusiva. Ele não é apenas o portador da mensagem de Deus. Na sua pessoa, Deus está presente. Ele, em pessoa, é a Palavra viva de Deus. A manifestação plena de sua autoridade e vontade.Jesus, o enviado por excelência, também envia os seus discípulos: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20,21).Jesus tem discípulos não para servi-lo, mas para prepará-los para a missão. A finalidade do discipulado é a missão. Os quatros Evangelhos concluem sempre com o Ressuscitado enviando os discípulos em missão. A Igreja – comunidade dos discípulos de Jesus – é, pois, a continuadora de sua missão.Jesus coloca como pressuposto da missão o desapego dos bens materiais. Não se trata de um desapego qualquer, mas do desapego que torna livre para a missão. O missionário deve caminhar depressa (E a riqueza pesa!). O missionário deve ser livre para a missão. E o apego à riqueza escraviza. A única riqueza do missionário deve ser Jesus Cristo e seu Evangelho. Foi o que afirmou Pedro ao paralítico colocado à porta do templo: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo Nazareno, anda!” (At 3, 6).Jesus mostra que a missão pode passar por dificuldades quando os enviados esquecem o sentido de sua missão ou quando esquecem que o sucesso da missão não vem deles, mas de Deus.
(pelo grupo Unidos por Ti-Lousã)