terça-feira, 23 de outubro de 2007

Tema I: A missão: o que é, a sua origem…

Outubro/Novembro

Apresentação de missão
A missão permite o encontro de pessoas distantes, pois a pessoa do enviado desaparece por detrás daquela que a envia. Rejeitar o enviado é a mesma coisa que rejeitar aquele que o enviou. No Evangelho, é o próprio Jesus quem o afirma: “Quem vos recebe, a mim recebe, e quem me recebe, recebe ao que me enviou”(Mt 10, 41). O enviado é, pois, inseparável daquele que o envia.

Origem da missão
A missão teve sua origem na manhã do domingo de Páscoa, quando Maria Madalena e a outra Maria foram ao túmulo e o encontraram vazio. Logo após o anúncio da ressurreição, vem a missão: “Ide já contar aos discípulos que ele ressurgiu dos mortos, conforme havia dito” (Mt 28, 7). E elas foram apressadas fazer o anúncio aos discípulos que, segundo Marcos, estavam “aflitos e choravam” (Mc 16, 10).Em Pentecostes, iniciou-se a missão a todos os povos da terra. Esta missão continua até aos nossos dias. Mas, apesar de vinte séculos, a missão ainda está no início. O anúncio de Jesus Cristo e de sua Palavra ainda não chegou a todos os povos, a todas as culturas, a todos os espaços sociais.

O que é a missão?
A missão é o caminho da Palavra de pessoa para pessoa, de grupo para grupo, de povo para povo. O portador da Palavra é o missionário. Afirma o livro dos Actos, que regista a primeira história da missão, que a Palavra crescia e se multiplicava (cf. At 12, 24), ou seja, o que crescia e se multiplicava era o número daqueles que ouviam a Palavra e se tornavam missionários. Quem ainda não se tornou missionário, pensa que ouviu a Palavra, mas, na realidade, não a ouviu.O livro dos Actos narra a caminhada da Palavra que sai da Palestina e vai até Roma, levada pelo Apóstolo Paulo. Quando a Palavra chega a Roma, Lucas, de repente, encerra o livro dos Actos. Teologicamente, Lucas deixa o seu livro inacabado para mostrar que a missão não terminou. Precisa ser continuada pela Igreja. A história da missão precisa continuar sendo escrita.Lucas mostra que o caminho da Palavra enfrenta obstáculos: oposição dos chefes religiosos, magia, idolatria, distância geográfica. Mas a Palavra sai sempre vitoriosa.A Igreja, comunidade missionária, não precede ao dom do Espírito. Não existe sem o dom do Espírito. É o Espírito que a move em direcção de todas as línguas, isto é, de todos os povos e culturas. O Espírito é também o primeiro missionário. Aquele que chega antes de todos para preparar o terreno para o anúncio da Palavra. Por isso mesmo, o anúncio da Palavra não é algo acrescentado às culturas. É resposta a uma expectativa, a uma procura.A Palavra que o missionário anuncia não é simplesmente a transmissão de uma mensagem. É, na expressão de Paulo, manifestação do poder de Deus que salva. Não é transmissão mecânica. É transmissão da Palavra encarnada na sua vida, que se tornou parte dele e agora é testemunhada. Por isso, Jesus envia os seus discípulos para dar o Seu testemunho: “Sereis, então, minhas testemunhas em Jerusalém, em toda Judeia e Samaria, até os confins da terra” (At 1, 8).

A Igreja, comunidade missionária.
A Igreja é apostólica, ou seja, missionária. É composta por pessoas que se reconhecem como enviadas do Senhor. O Evangelho é-lhe anunciado não para ser guardado, mas para ser transmitido. A Igreja não vive para si. Ela é enviada para transmitir o Evangelho. O envio e a reunião, porém, são dois aspectos da mesma acção: levar a salvação ao seres humanos, reunindo-os na Igreja.Além disso, a Igreja é uma comunidade missionária ainda por outros motivos. Ela nasceu da missão do Filho e do Espírito Santo, enviados pelo Pai ao mundo. Sem este duplo envio, a Igreja não existiria. Ela é fruto da acção evangelizadora de Cristo e dos apóstolos, afirma Paulo VI na Evangelii Nuntiandi. Não é fruto acidental, continua o Papa.A Igreja é uma comunidade missionária, porque a sua configuração histórica e definitiva dá-se em Pentecostes, quando ela se torna movimento missionário. A Igreja não nasceu para depois se tornar católica (universal). Ela já nasce católica porque é missionária. Sem a missão, ela não seria católica.Finalmente, a Igreja é missionária porque é a comunidade dos discípulos de Jesus. E a finalidade do discipulado é a missão.

Jesus, o enviado por excelência.
Jesus é o enviado por excelência. Seu envio é único. É superior a todos os outros enviados. Os profetas foram apenas servos enviados por Deus. Jesus, porém, é o Filho. A Sua relação com o Pai, que o enviou, é uma relação exclusiva. Ele não é apenas o portador da mensagem de Deus. Na sua pessoa, Deus está presente. Ele, em pessoa, é a Palavra viva de Deus. A manifestação plena de sua autoridade e vontade.Jesus, o enviado por excelência, também envia os seus discípulos: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20,21).Jesus tem discípulos não para servi-lo, mas para prepará-los para a missão. A finalidade do discipulado é a missão. Os quatros Evangelhos concluem sempre com o Ressuscitado enviando os discípulos em missão. A Igreja – comunidade dos discípulos de Jesus – é, pois, a continuadora de sua missão.Jesus coloca como pressuposto da missão o desapego dos bens materiais. Não se trata de um desapego qualquer, mas do desapego que torna livre para a missão. O missionário deve caminhar depressa (E a riqueza pesa!). O missionário deve ser livre para a missão. E o apego à riqueza escraviza. A única riqueza do missionário deve ser Jesus Cristo e seu Evangelho. Foi o que afirmou Pedro ao paralítico colocado à porta do templo: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo Nazareno, anda!” (At 3, 6).Jesus mostra que a missão pode passar por dificuldades quando os enviados esquecem o sentido de sua missão ou quando esquecem que o sucesso da missão não vem deles, mas de Deus.

(pelo grupo Unidos por Ti-Lousã)

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

126 anos


É dia de Festa


22 horas do dia 10 de Outubro de 1881. Faz hoje precisamente 126 anos., falecia em Kartum, Sudão, Daniel Comboni. Tinha 50 anos e quase 7 meses. O fundador dos Missionários e missionárias Combonianas, deixava atrás de si uma vida repleta de viagens, encontros, aventuras, mas sobretudo uma vida cheia de doação, solicitude, amor, entrega, obediência,… uma vida cheia de DEUS.

Parabéns a Ele e parabéns à família comboniana.
Para o recordar em toda a sua dignidade, transcrevo aqui uma parte da homilia da eucaristia que celebrou quando ficou responsável do vicariato da Africa central, em Kartum em 1873.

“Estou muito contente de finalmente me encontrar de novo entre vós, depois de tantas vicissitudes penosas e de tantos ansiosos suspiros. O primeiro amor da minha juventude foi para a infeliz Nigrícia e, deixando tudo o que me era mais querido no mundo, vim, faz agora dezasseis anos, a estas terras para oferecer o meu trabalho como alívio para as suas seculares desgraças. Parti para obedecer; porém, entre vós deixei o meu coração e, tendo-me recomposto como Deus quis, os meus pensamentos e os meus actos foram sempre para convosco.
E hoje, finalmente, recupero o meu coração voltando para junto de vós. Sim, eu sou vosso pai e vós meus filhos e como tais pela primeira vez vos abraço e estreito contra o meu coração.

Tende a certeza de que a minha alma vos corresponde com um amor ilimitado para todo o tempo e para todas as pessoas. Eu volto para o meio de vós para nunca mais deixar de ser vosso e totalmente consagrado para sempre ao vosso maior bem.
O dia e a noite, o Sol e a chuva encontrar-me-ão igualmente e sempre disposto a atender as vossas necessidades espirituais; o rico e o pobre, o são e o doente, o jovem e o velho, o patrão e o servo terão sempre igual acesso ao meu coração. O vosso bem será o meu e as vossas penas serão também as minhas. Quero partilhar a vossa sorte e o dia mais feliz da minha existência será aquele em que eu possa dar a vida por vós.
Não ignoro a gravidade do peso que lanço sobre mim, já que, como pastor, mestre e médico das vossas almas, terei de velar por vós, instruir-vos e corrigir-vos; defender os oprimidos sem prejudicar os opressores, reprovar o erro sem censurar o que erra, condenar o escândalo e o pecado sem deixar de ter compaixão pelos pecadores, procurar os transviados sem encorajar o vício: numa palavra, ser ao mesmo tempo pai e juiz. Mas resigno-me a isso, na esperança de que todos vós me ajudareis a levar este peso com júbilo e com alegria em nome de Deus.

E agora é a vós a quem me dirijo, ó piedosa Rainha da Nigrícia, e, aclamando-vos como Mãe amorosa deste vicariato apostólico da África Central entregue aos meus cuidados, atrevo-me a suplicar-vos que nos recebais solenemente sob a Vossa protecção a mim e a todos os meus filhos, para que nos guardeis do mal e nos dirijais para o bem.




terça-feira, 9 de outubro de 2007

Encontro Nacional





O Cristão Jardineiro

Este sábado, 6, realizou-se o encontro nacional JAMIC. À volta do tema do cristão jardineiro, reflectimos, rezámos, programamos o ano e fortalecemos a união e o espirito missionário comuns.

“O segredo não é correr atrás das borboletas, mas sim, cuidar do jardim para que elas venham até nós.” (Mário Quintana)

Um cristão que corre atrás da borboleta coloca-se acima daquilo que prega, individualiza a sua missão, torna egoísta o projecto de Deus.
Quando cuida do jardim, torna-se um instrumento, um operário de cristão, que fala e age em prol do bem comum.
Quando corre atrás da borboleta, o cristão desiste facilmente, mostra-se incapaz, arranja uma desculpa e sai de fininho.
Mas quando se dedica a cuidar do jardim encara a vida cristã como uma aprendizagem eterna e um recomeçar constante. Acredita que o projecto de Deus não se consolida sem percalços.
Um cristão que corre atrás da borboleta valoriza as pessoas educadas, espiritualizadas, e acredita que é exclusivamente delas, que a Igreja precisa.
Aquele que cuida do jardim convive com os "rebeldes", desmotivados e sem nenhuma formação espiritual e encara-os como degraus que precisam ser vencidos. Por isso, ama-os de forma semelhante aos outros.
Um cristão que corre atrás da borboleta não sugere coisas novas, apenas cumpre o seu papel, mas não evolui e muito menos engrandece quem convive com ele.
O cristão que cuida do jardim interage, busca soluções conjuntas com outras lideranças, diverge quando necessário, faz-se ouvir, acolhe, respeita o outro e também o ouve. Ajuda os demais a crescerem e cresce junto com eles.
Um cristão que opta por cuidar do jardim, entende a verdadeira razão de ser cristão. Este jardim precisa ser cuidado com carinho e zelo. A nossa Igreja é um imenso jardim florido, com espécies de todos os tipos, cores e tamanhos diferentes.
O cuidado exige amor.

Isto é um pequeno resumo que fica como programa de vida para cada um.